Liderança, até mais do que a competência tecnológica, é considerada a característica essencial de um CTO.
Entretanto, nem sempre é fácil demonstrar, na prática, o que isso significa.
O papel do líder, embora fundamental, é tratado com, até certo ponto, inevitável subjetividade, afinal, quando falamos de liderança, falamos de gente.
O exercício da liderança é um combinado complexo que inclui o líder, mas, também, o liderado e o contexto. Estilos de liderança que funcionam bem para determinados times, em determinadas condições, são frágeis em outros cenários. Por outro lado, métodos nem tão populares se mostram, com frequência, eficientes e eficazes, pelo menos sob a perspectiva dos resultados.
De maneira pragmática, independente do método adotado, a boa liderança é aquela que consegue atingir metas e objetivos, com o time operando do jeito certo. Cabe, então, ao líder, a responsabilidade de que expectativas sejam estabelecidas e comunicadas. Também é atribuição do líder garantir o desenvolvimento de um time capaz de fazer o que é necessário e, obviamente, que exista um método eficiente para a execução do trabalho.
Definindo metas
Definir metas de qualidade é, talvez, o maior desafio da liderança. Quando bem definidas, elas colaboram no alinhamento de propósito no time, permitindo autonomia de atuação. Quando, por outro lado, não são definidas ou o são de maneira descuidada, geram indecisão e, com frequência, prejudicam a performance.
As metas definidas pelo CTO, quase sempre, têm relação direta ou indireta com as métricas que apresentamos no capítulo anterior. Os processos de engenharia são mais efetivos na medida em que aumentam a frequência de que software que gera valor para o negócio é colocado em produção, reduzindo o lead time e a frequência de erros.
Para cada período, o ideal é que sejam definidas três ou cinco metas, no máximo.
Quando tudo é importante, nada é importante.
Formando o time
O CTO é, antes de qualquer coisa, um desenvolvedor de gente. Ele entende que fazer software é um “esporte coletivo” e, por isso, se preocupa em ter gente boa, devidamente engajada e bem direcionada, capaz de aproveitar autonomia para maximização de resultados.
É responsabilidade do CTO contratar e manter as pessoas certas para o trabalho. Mais do que isso, cabe a ele a responsabilidade de organizar os times de maneira eficiente, considerando, por exemplo, as implicações da lei de Conway.
Atuando do jeito certo
Processos, padrões e práticas de trabalho criam a base sólida para que os profissionais da área de tecnologia consigam fazer o trabalho. São representações da “memória organizacional” e colaboram para reduzir o custo da eficácia.
O patrocínio executivo do CTO é o ponto de partida para a implantação de práticas ou metodologias ágeis, cultura lean e DevOps.
Coisas que você precisa fazer
Antes de avançar para o próximo capítulo, considere realizar as seguintes iniciativas:
- Explicite quais são as metas acordadas entre você e o time. Elas têm relação com melhorias de engenharia?
- Verifique se as mudanças de práticas e processos que está implantando tem relação com as metas definidas.
- Pondere se as iniciativas em curso na área de engenharia são suficientes para alcançar as metas.
- Relacione as metas de engenharia com os objetivos da organização. Há alinhamento evidente?
Penso que atravessamos uma transformacao cultural no mercado corporativo com impacto sobre os modelos de lideranca que conhecemos. Os novos CTOs precisam vencer alguns desafios no seu papel como líder. Liderar outros profissionais de nível senior, com larga experiencia e bagagem, muitas vezes vindos de diferentes culturas, requer o desenvolvimento de novas ferramentas, como aprender a delegar melhor, saber ouvir ativamente, desenvolver sua capacidade de comunicacao, saber lidar com a diversidade dentro do seu time e da sua empresa. É preciso construir novas interfaces com seus pares, estabelecer parceriais que auxiliem no desenvolvimento do transito e reputacao na sua nova posicao. A inteligencia emocional é uma das habilidades mais exigidas para esses novos líderes.
A frase de William Edwards Demin, citada no capitulo anterior, responde essa pergunta. Penso que metas que atrapalham sao aquelas que nao foram bem definidas, nao estao claras. O profissional nao sabe exatamente o que é esperado como resultado final, tornando dificil um planejamento para perseguir a meta. Existem várias metodologias disponíveis no mercado que podem auxiliar no processo de construcao de metas claras e objetivas.
Desenvolvimento e formacao de profissionais é sem dúvida uma das maiores responsabilidades do CTO dentro de qualquer empresa.